
Estava aquela a noite perfeita. A cidade brilhava mais que o normal. Todas as luzes saborosamente preparadas para um toque extra á cada segundo daquele dia.
Em um apartamento localizado na vaga avenida Paulista, encontrava-se um visual clássico e extremamente imponente. Em meio áquela agitação toda lá fora, Elliot gostava de ficar em casa e preferia um bom livro de Machado de Assis e ao lado um café expresso acompanhado de pão de queijo, lembrança do lugar onde nasceu, Belo Horizonte.
Elliot gostava de ler e depois escrever tudo o que vinha a sua mente num diário rude que guardava em cima da cabeceira ao lado de sua cama king-size. Seu apartamento era um pouco vazio, típica arrumação masculina, porém com algumas frescuras á mais. A cozinha era pequena, pouco usada, porém brilhava como uma joia e cada espaço era assim: como um diamante fresco e cheio de fervor em sua iluminação. Elliot estava terminando de ler pela centésima vez o livro Dom Casmurro, adorava aquele drama de Bentinho e Capitu, e finalmente mexeu nas cobertas para se cobrir e deitou para seu sono profundo e digno de uma boa noite sem encheções de saco. O celular toca, era um iPhone cujo Elliot tinha conseguido comprar após meses guardando dinheiro do trabalho no escritório Alfa, que fica algumas quadras pós-Paulista e então, o jovem poderia ir andando. Era Harry Gordon, seu amigo, chamando para uma grande balada que aconteceria na Augusta, e o melhor - era a Devon, a balada mais perfeita e ''must to go'' do momento. Elliot não podia faltar, isso traria para o próprio um fim de semana glamuroso.
Elliot Lewis era conhecido por ser o mais cobiçado solteiro em seus 20 anos. Agora estava com 30 e de alguma forma, sentia falta de seus 20 passados. Sabe, um homem com 30 anos se sente inseguro quando os aniversários batem a porta, não porque estão ficando velhos. Homens não ligam pra isso. E sim porque estão virando os ''reservas'' alheios. E Elliot era uma das exceções e não se preocupava mais. Tem um charme italiano, pele um pouco bronzeada e olhos castanhos da cor mel, sempre usando Calvin Klein como perfume e ternos levemente famosos como Armani e Hercovitch, mas mesmo assim, não era lá muito chegado em marcas e coisas caras. E era canceriano.
Pensou se deveria ir ou não ao encontro de Harry, seria bom começar os 30 em alto estilo. ''Ok, fala pros caras que eu to indo kid''. Kid era o apelido de Harry dado por Elliot.
Harry era o geminiano típico popular misturado com nerdismos. Usava roupas meio infantis, ainda estava no auge dos 21 anos e sempre tinha um acessório pop. Comprava roupas de segunda mão e sempre coloridas, além de trabalhar no museu do Masp como recepcionista. Harry morava com os pais em uma grande mansão, mas volta e meia se percebe que é tão humilde e convidativo que sua amizade é o verdadeiro ''must to have'' entre os homens da face da terra. Ouvia musicas típicas dos anos 80 e 90, era fofo e sempre acompanhado de doces e perfumes que lembravam qualquer homem de que um dia fora um garoto. Mesmo com essa aparência angelical, Harry era um homem bastante maduro, claro, vinha de família francesa. O corpo dele era normal, não muito gordo nem magro e suas bochechas rosadas e sorriso fácil chamavam a atenção de qualquer ser humano.
Elliot se arrumou. Colocou um traje esportivo, aquele que sempre o fazia arrasar. Banhou-se no Be da Calvin Klein e saiu prédio abaixo. Do lado de fora estava super escuro, bem do jeito que a Paulista é mesmo. Correu para a cafeteria onde encontraria Harry. Nunca tinha visto a Paulista tão movimentada igual estava e lembrou dos dias de universidade - ai eram bons demais - costumava ser o universitário mais conhecido de São Paulo.
Harry já estava lá. Interessante que Kid estava vestido como sempre, a bermuda xadrez vermelha, uma camisa de bolinhas vermelhas e seus wayfarers de grau. Seu relógio do Mickey sempre era a referência de que é o mais pontual que Elliot já conheceu.
- Hey Kid
- Elliot por milagre você chegou na hora! Tô até espantando sweet
- É, bem faz anos que não saio
- Pois é, os caras estão uam fera por você ter sumido depois do lance com o Tom
Tom era outro dos caras. Era loiro, de origem inglesa, chegou ao Brasil com seus 5 anos de idade. Era um perfeito gentleman, logo o alvo das garotas. O aquariano Tom Scott tinha um ar meio arrogante e sério, não gostava de se mostrar e olha que sendo um jornalista de sucesso deveria ser mais expressivo. O que ele tinha de rude, tinha de gostoso. Corpo malhado e sotaque britânico, além do olhar furioso sem motivos, o típico bad boy de 30 anos da gangue. Mas como os caras dizem, Tom se expressava a maneira dele. Se atrasando.
Tom chegou quase 30 minutos atrasado e cumprimentou os amigos. Olhou fixamente para Elliot e disse:
- Ainda te odeio
- Que bom, respondeu Elliot sorrindo
Logo depois chegou o jovem Rocco, também na faixa dos 30. Rocco Marquez era o típico negro sedutor, olhos caramelados, boca carnuda e corpo sarado. Chamava atenção por onde passava. Tinha esse porte de homem insáciavel e tem um lema: ''Sexo sempre''. Não importava com quem, onde ou quando, Rocco tinha pegado as pessoas mais lendárias da cidade - desde celebridades á modelos - era careca e sempre usava e abusava de Carolina Herrera. É o bom ouvinte que te escuta horas e horas. Ariano assumidíssimo cuja gasolina é o sexo.
O quarteto esperava por mais um elemento, Malcom Whitte, um clarinho com sardas e sorriso pálido, virginiano, de fala mansa. Malcom mandou uma mensagem para o celilar de Rocco dizendo que não compareceria por estar com um compromisso sério do outro lado da cidade. Era promotor de eventos por isso sua vida era conhecida como a mais caótica
Reunidos, os quatro entraram no carro de Tom, um Rolls Royce clássico que estava estacionado no estacionamento do shopping principal da avenida. Tom era afixionado por clássicos, é o cara mais vintage que você pode conhecer.
- Vai ser definitivo! gritou Rocco, entusiasmado com a Devon.
Os quatro chegaram na door da tão aclamada festa. Estava cheia e lotada de gente cult, da moda e importante.Por sorte, Tom e Harry conseguiram colocar o nome dos caras na lista, do contrário não entrariam nem se o Papa permitisse. Do lado de fora dava para ouvir September do Earth, Wind and Fire. Um sucesso que fazia todos se mecherem do lado de fora. Claro, a era disco estava em alto queridos.
Antes de entrar, um frio perseguiu o coração de Elliot, ele se sentiu estranho e ao virar-se para a rua, viu o inusitado: seu ex-namorado Bradd, ora, você não achou que esse quarteto mara era heterossexual né? Homens assim, só no limbro meu bem.
Bradd estava acompanhado de uma garota, Chelsea, uma antiga garota de programa que na rua augusta era chamada de Loira Manson, não me pergunte o porque. Bradd era um pouco calvo, mas era um gato, tinha seus 41 anos muito bem distribuídos. E o tal fora o primeiro grande homem da vida de Elliot, levou até a virgindade do nosso herói embora. Quando Elliot viu Bradd ficou congelado, tamanha a sensação era a de ir embora que só Jesus da Madonna o faria ficar ali.
- Mas que saco Elliot, os caras já entraram! Gritou Tom
- T-t-om, é ele!
- Puta que pariu, eu sabia! indagou Tom
Bradd se aproximou, surpreso com a gritaria do loiro. Elliot deu um sorrisinho falso e disse ''oi'', Bradd respondeu:
- Ora, achei que vocês não fossem aparecer. Olha, quero que conheça a Chelsea.
Estavam horrorosos. Ele vestindo um Armani mal passado e risca de giz e ela um vestido de quinta com lantejoulas rosas e aquele cabelo! Gente, que cabelo horrível, despenteado, raiz negra. Só pode ser gongação né?
- Olha que fofo, vocês formam um belo casal! Disse Tom fazendo um estranho gesto falso com as mãos. - Agora vamos entrar né Elliot?
- Ok, respondeu Elliot, agora sem ações.
- Eu ainda de odeio, disse Tom bem baixinho ao pé do ouvido de Elliot, - Mas isso não significa que a gente não possa se divertir juntos, completou.
E a música Believe de Cher começou a tocar para a entrada de Maggie Firefox, a nova drag do momento.
CONTINUA...
Um comentário:
sempre 5, né ? oehoeiheohe
gostei. looking forward for more.
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