terça-feira, 29 de março de 2011

Esse moço tá diferente


 
Quando o canto é reza
Todo toque é santo
Toda estrela é guia
Todo mar encanto
Quando a lua passeia na pedra da sereia
Toda fonte é sagrada
Toda água é doce
Toda alma é pura
Toda hora é bela
Quando a mão se perfuma
Todo beijo é uma flor
Todo coração tem um mistério
Toda paixão tem um segredo
Toda fé tem um andor.
Quando a sombra do mal se esconde
Toda paz é filha de Gandhi
Toda força tem seu louvor
Quando o olhar se ilumina
O coração se inclina
O amor abre a cortina e todo chão se empina
Numa colina sob o lençol de alecrim
E lá de cima
Quem abençoa
É Nosso Senhor do Bonfim.

Água Doce, Roberta Sá

quarta-feira, 23 de março de 2011

Requiem for the Princess

3x is a charm!
Eu sou uma princesa. Acredito na magia, naquela que está no meu coração, capaz de fazer bem às outras pessoas, boas ou ruins, não importa. Acredito no meu sorriso nobre perante os inimigos, inimigos prováveis, acredito na verdade relativa. Acredito que o amanhã vai ser melhor, que a vida tem quedas, mas também tem subidas.
Não preciso de coroa ou roupas belas, só preciso vestir a armadura do meu eu. Não preciso de uma cor só, eu tenho todas. Me desculpem, mas é isso.
Não preciso de um principe encantado. O dragão eu mesmo posso enfrentar, posso eu mesmo acordar de um belo sonho e seguir. Essa é a diferença, eu sou real e estou aqui. Posso sim, amar ser um menino, usar maquiagem, roupas que definam meu corpo, depilar, ter papo de menininha. Se isso é ser uma princesa, então eu sou. Mas isso jamais vai definir minha verdadeira pessoa.
E eu só quero seguir cantando e dançando, caindo sim, mas com a certeza de que estou vivendo a mais bela história de todas com os mais interessantes personagens... E isso é tão gostoso.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A pessoa só pra nós

Cá estou, mais uma vez na estrada solitária da vida, esperando para enfrentar o novo, o desconhecido. Mas enfim, estou forte, forte porque tenho certeza que fiz as escolhas certas e de que tudo que pedi foi me dado em questão de segundos. As luzes brilham com tanta intensidão que se formam num caminho onde eu sigo para o novo.
Tenho amigos de verdade, aqueles que ao invés de se impor a mim, caminham comigo, mesmo que pequenas partes da estrada. Tenho pais, mesmo que longe, estão por perto. Tenho minha estrela guia, enviando feiches de luz. Então, não estou exatamente sozinho...
Mas, e a pessoa só pra nós? Até onde é bom saber abrir mão das escolhas da vida? Aprendi que isso é crescer: é deixar as águas doces rolarem, porque pra onde quer que vão, elas tem seus destinos. É uma força tão grande a das águas, que nem eu nem você podemos impedir. Mesmo que meu coração fique em pedaços, a água vai reconstruir e me trazer um novinho em folha.
Eu sou assim, abridor de mão. Quantas coisas joguei na água. Cá estou eu, mais uma vez, decidido.
Sei que você está em algum lugar e, talvez, um dia entre nessas águas e as mova para uma direção especial...
Proteja meus sonhos, mamãe...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Over the road


Olhei para as estradas da vida
Encontrei flores desmanchadas
Na minha doce lida
Onde já fiz grandes moradas

Encontrei os céus brilhantes
Todos azuis ou escuros
Cujos trovões jaziam relampeantes
Também vi alguns muros

Encontrei a luz que reflete no rio
Tão doce quanto mel
Num caminho frio
Ah doce Carrossel

Carrossel que não funciona
Por não ter quem consertar
E aquela música que emociona
Já não quer mais me embalar

Pra vocês revelo
Todas as passagens da estrada
Sinuosas como caramelo
Ao amanhecer da madrugada

 Que delícia, que candura
Que divertido amar a vida
Mesmo que sendo dura
Que bom ter a mim e não dívidas

Quero mesmo é pedir divórcio
Dos meus sonhos cor-de-rosa
Quero mesmo é dividir este ócio
Cantando uma nova prosa.

Cresci e você não está por aqui...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tombos, cacetadas e afins

Just a fool...
A vida mais uma vez me marcou, me marcou com surpresas. Entre viagens, conversas, sentimentos aguçados, eu enxergo as verdades, claras como a água. O quanto pessoas como eu, jovens, são inocentes, o quanto sempre queremos acreditar no bom, no lado inesquecível que cada pessoa que encontramos.
Não é assim, é preciso saber lidar com toda experiência passada e transformá-la em esperteza atual. Fui tolo o bastante para conversar com estranhos, meu caro. Sim, fui. Cheguei a um ponto em que me pergunto "Será?" e é uma pergunta vazia, sem fundamento. A falta do fundamento, aliás, é agoniante em si.
Por mais que eu queira mudar sei que é parte de mim, da minha natureza de acreditar. Só que mais uma vez eu me vejo no meio da roda com os olhos vendados, esperando o lencinho branco.
Que diabos! E foi-me prometido a felicidade, o caminho das estrelas. "Calma!" digo a mim mesmo, "...tudo virá com o seu tempo". Somos jovens, tolos e irreparáveis. É assim que vejo o meu mundo, só meu.
Olho no espelho, vejo o que sempre fui, mas desta vez com marcas dolorosas que ardem como cicatriz de batalha, elas vão ficar pra sempre eu sei e é com lágrimas que posso dizer a mim mesmo "Enxerguei, talvez agora eu fique melhor". Só que mais uma vez? Que tipo de ciclo é esse?
É a luz das perdas que sempre me cega com tamanho brilho, e cada vez mais ela me corrompe com sua energia. Mas olho mais pra frente, ali no fundo, e miro a luz dos ganhos, me esperando ficar cada vez maior.
Qual é mesmo o meu nome?
Era uma vez um garotinho, que não queria crescer, cujo mundo fez desabrochar com o brilho das noites encantadas...
Beijo do amor e da beleza

terça-feira, 1 de março de 2011

Quem é você?

Oi, Raoni, sou eu mesmo, como vai?

Exato, eu me encontro nessa posição agora, a que dá vontade de pegar a pessoa que eu fui pelos braços e alertar sobre todos os perigos e artimanhas do destino. Digo, é difícil eu sei, mas é uma vontade. Depois de tanto correr e caminhar, eu me encontro numa estrada de duas direções, onde as escolhas são como bolhas que me sugarão em suas próprias realidades submarinas.
Por um lado, a luz das perdas é o que torna a luz presente cada vez mais forte, me tornando então muito mais hábil, leve como pluma. Do outro lado, o vazio é inevitável.
Logo eu, que sou aquele garoto de respostas concretas, de destino certo, me encontro de pés descalços, despido de mentiras e com olhos abertos.
Sentir a realidade não era um dos meus planos. Eu queria voar como todo jovem quer, queria amar como todo jovem ama, queria receber amor. Sonhos? Talvez. Realidade? Talvez.
É uma estrada difícil de seguir, de aceitar, e os sete dias de guerra ficam para trás, como lembranças de uma batalha bem ganha, que mesmo com perdas seguiu-se insana e invicta. Quem sou eu agora?
Eles se foram, ele se foi, agora contemplo um novo rio, repleto de ouro e diamantes. São de verdade? Provavelmente não, mas o brilho deles é o que me chama atenção.
Me prometeram uma vez que ao badalar dos 20 anos eu seria o que eu sempre quis ser. Agora eu me pergunto: é exatamente essa a estrada a ser tomada?
Até quando vou ter forças para olhar no espelho e acreditar em reflexos melhores?
Que mundo é esse, meu pai?
De sete dias de guerra, se formarão estrelas, é o que dizem...

"Você é tão grande quanto o mundo que cria"