quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Inquieto


Jovem inquieto, todos os dias eu me pergunto quando (e onde) tantas pessoas (me incluo) deixaram de dar ouvidos ao Amor (em todos os sentidos) ou deixaram de conversar com ele, agarrá-lo com as mãos (ou coração)? Vejo a seca que nos assusta e, relacionando o material ao imaterial, concluo com um certo receio: essa falta vem crescendo. Não é só a Cantareira que está secando, somos nós, aos poucos. A sinceridade está secando junto com o Amor, o acolher já não flui mais, aciona-se o volume morto de quem vive a esperança e o silêncio amargo impera nas ruas, a guerra e a ira gritam desgovernadas. A intolerância se alimenta. E viver vira um grande campo de batalha. Caótico. Porém, dizem que é da destruição que vem a criação. Otimismo demais? Ah, inquietações...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Dress Code


Aí, estamos em 2014 não é mesmo.
Sabe aqueles surtos psicóticos que temos que simplesmente nos bloqueia a vontade de por algo pra fora? É tipo isso, tinha perdido o tesão em escrever.  Cara, a coisa que mais amo é escrever, e de repente, essa chama se apaga. Por que? Não sei, seriam o malditos smartphones? Ou as tarefas do dia-a-dia? Sei não, só sei que na verdade esses lapsos que atacam os amadores de plantão são muito comuns hoje em dia. O que é extremamente perigoso em vista de que isso nos faz perder a vontade de fazer o que gostamos e, modéstia parte, fazemos muito bem.
E o que mudou em 2014 afinal de contas? Ah muita coisa... Não temos muita água (preservem!), temos mais smartphones do que gente se abraçando, temos uma guerra sobre a copa, milhares de manifestações e nenhum conceito interessante.
Eu diria que basicamente é isso que o material anda fornecendo, a realidade nua e crua (sem nem a chance de ser mal ou bem passada) e dessa forma, eu até poderia perder a esperança, mas eis que decidi voltar a escrever (mesmo que isso fosse requerer uma dose de KY nos dedos).
Mas, veja só, nada nos tira a capacidade de sorrir. Nem mesmo a idade, ou os desapegos alheios. Não daremos bola. Afinal, voltar ao que nos faz bem não é um retrocesso at all. 
Aqui no Baby World, tudo pode acontecer. Desde furacões, tsunamis e terremtos, até o mais dificil dos fenômenos: as cores.
Mas eu quero continuar, assim mesmo, em frente, e se precisar voltar, que eu volte...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Não existe lugar como nossa casa (e outras vaidades)


"Eu escrevi "REVOLUÇÃO" na parede e vou viver numa Guerra de Sete Dias..."
2014 começou, cheio de Memórias. Das mais açucaradas às mais azedas. Solene engano quando em hipótese imaginei que teria de deixar de lutar, de ir à batalha. Engano.
Na verdade mal aproveito o Verão e ele se transforma em uma tórrida Primavera. O meu caso com as primaveras insiste em nunca terminar. Não que eu não goste, pois soa até necessário, mas é que muitas vezes lidar com isso tantas vezes... Soa patético.
Sabe porque se transforma em Primavera? Porque me pede para lidar com o desapego das flores, com a alvorada da Lua e o canto dos passaros indicando ritos de passagem. É, e mais uma vez a batalha soa cansativa, piegas e infinita. Porque simplesmente somos punidos por ser quem somos? Qual a necessidade de sempre ter que lutar?
Será que eu estou errado ao deixar de buscar o que realmente importa dentro de mim? Ora, que tipo de Mundo é esse?
Ah sim... É o mundo que pune com violência aqueles que saem de casa travestidos de si mesmos. E não adianta: é assim aqui fora, será assim em todo lugar. Não existe lugar como a nossa casa.
E lá vou eu, recomeçar, afinal, legal e bonito todo mundo é, mas quero ver colocar um bom sapato no pé, uma roupa forte e andar na mesma jornada que eu. Sério, iriam se surpreender...


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Teu Soneto de Primavera

Que alegria olhar pra você...
E te amar com todas as forças...
 Como sou grato por poder te amar
E me entregar como uma virgem ao seu deleite

Porém, que tristeza não te tocar
Que tristeza não ser aquela 
Aquela que vai te receber
Por dentro de minhas entranhas

Que alegria é ser seu por todo dia
Que alegria, ah que alegria
Mas que tristeza, ah que tristeza
Saber que as flores tem prazo

Prazo pra irem
Prazo pra servirem
As flores são belas
E murcham

Porém elas nunca se esquecem
De queimar em chamas como velas...

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

[RESENHA] Too Weird to Live, Too Rare to Die!

Capa de "Too Weird to Live, Too Rare to Die!" (2013, Decaydance Records)
Quem foi kid, teen ou adulto alternativo em 2004 sabe da importância do Panic! At the Disco na playlist. Desde o debut aclamado em A Fever You Can't Sweat Out (2005, Decaydance) com o single icônico "I Write Sins, not Tragedies", o Panic vem conquistando amadurecimento e espaço. O fantástico Pretty. Odd. (2008) marca o início da fama da consagração total da banda e o maduro Vices & Virtues (2011) já com apenas dois integrantes pode ser descrito como o grande inverno do Panic! At the Disco.

Em 2013, o cenário musical indie anda totalmente saturado cada vez mais, eis que os caras do Panic! tem a missão de reinventar e seguir apresentando trabalhos bons que tirem de vez o rótulo emo (sendo negativo ou não), mas que os coloquem como uma boa banda de rock. E é exatamente o que Too Weird to Live, Too Rare to Die (Decaydance, Fueled by Ramen) traz. Esqueça o Rock pesado, as letras 100% escuras e bem-vindo ao mundo do "indietrônico" e sintético do Panic! at the Disco. Isso mesmo, Brendon, Spencer e o novato Dallon trazem a banda para o background de 2013 totalmente reformulada. Na verdade, é Brendon quem mais cuidou da obra, devido aos problemas de Spencer, que luta contra vicío de drogas. Sua dedicação apresenta um trabalho mais emotivo, menos angustiante.

Na minha opinião, um dos melhores trabalhos apresentados. Para o puer aeternus, as letras são maravilhosas, trazem experiências de Urie e mostra que podemos crescer, amadurecer, mas sem perder o nosso pueril que sintetizado pelo rock, só tende a ficar mais e mais delicioso. Como descrito pelo próprio Brendon, "não há regras". De vozes de crianças até influência hip-hop, o quarto disco é um prato cheio para os fãs e para os admiradores do indietrônico, lembra MUITO Depeche Mode misturado com hip-hop. Se Brendon queria abandonar a receita do álbum anterior, conseguiu. E ainda trouxe um affair deliciosamente dark. O título ("Muito estranho pra viver, muito raro pra morrer") vem das experiências de Brendon em Las Vegas. Ao retornar para a cidade já adulto, ele começou a compor as músicas dessa delícia.


O CD abre com a ótima "This is Gospel", que já é single e tem um vídeo a la Panic! sem medo de ser feliz. É bem pegajosa e os vocais de Brendon estão com a mesma marca de sempre. O refrão "if you love me, let me go" tende a ficar na cabeça por uns dias. Tem uma pegada sintética, com auto-tune, que me lembra Metro Station e Depeche Mode.


"Miss Jackson", a faixa inspirada pelo famoso single "Nasty" ("Miss Jackson, are you nasty?"), de Janet Jackson. Esse é o carro-chefe de divulgação do disco. Traz a mistura de hip-hop com rock que falei no início. Algo como "Jay-Z encontra 30 Seconds to Mar e flerta com o Panic!". É assim que imagino essa faixa. A participação da Lolo é bem curta, quase no final. O clipe tem um arte DEMAIS, dirigido por Jordan Bahat, com a participação da atriz de 30 Rock, Katrina Bowden. Nas palavras de Brendon, essa música fala sobre suas experiências promiscuas na juventude. É uma música com toque um tanto arrogante, que assustou a muitos, mas vale a atenção.


A terceira música é a maravilhosa "Vegas Lights", que é uma faixa pessoal para Urie, falando de sua cidade natal. A presença de crianças é o que faz a ponte entre a infancia e a fase adulta do vocalista. "Representa como me sentia quando ia nos clubes. Havia essa energia estranha de que todos estavam se divertindo e nada mais importava. Dançar com ninguém vendo. É muito bonito, na verdade". A letra é incrivel, um das melhores faixas ("the Vegas lights where villains spend the weekend"). CERTEZA que pode virar single.

O disco segue com a sintetizante, divertida, menos agitada e pegajosa "Girl That You Love". Em seguida vem "Nicotine", a vilã do álbum, com palavrão e referências à nicotina ("You're worse than nicotine"). O Panic se torna totalmente eletrônico em "Girls/Girls/Boys". Essa faixa, particularmente, me dá vontade de jogar video-game, daqueles consoles bem antigos (Super Nintendo, Gameboy, Master System...).

Cara, o que eles fazem em "Far too Young to Die"? É mega anos 80. Meio naftalina. Meio Smiths. Ainda é boa, mas o estilo é a própria máquina do tempo. "Collar Full" nos lembra porque amamos Panic. É bem o estilo que nos fez curti-los em A Fever You Can't Sweat Out. Na minha opinião, uma das melhores do disco. Apostaria como single.

A última faixa, chamada de "The End of All Things" é lentinha, com piano maravilhosamente executado combinado com uma excelente letra. Ótimo encerramento.

Nota final: Panic! at the Disco ainda, como nós, está amadurecendo seu som e em Too Weird é notado pela tentative de trazer o pop e o indietrônica ao rock. Eu diria que é electro-pop mas com uma carga de Rock intensa e misturada na medida certa. Os 32 minutos valem a pena. A edição Target traz duas faixas exclusivas, "Can't Fight the Youth" e "All The Boys", que ainda não ouvi, mas assim que o fizer conto pra vocês o que achei. Caras corajosos e som bom? Vale a pena colocar na playlist!

Nota: 9/10

Até a próxima!


O Canto da Virilidade

Marte é o planeta da Guerra, da Paixão e do elemento Fogo. Na astrologia, é a energia da virilidade, da masculinidade, das atitudes e das ações, como diria Jung, "Saber o que quer e fazer o que for preciso para obter isso" . Marte é a força centrífuga que nos impulsiona a alcançar um objetivo na vida, lembrando que antes é necessário possuir um foco em Mercúrio e inspiração na Lua (em breve falo mais disso). É a energia e qualidade do Vigor e da Coragem.

Filosofia Guaracyana de dentro pra fora



Existem 16 princípios da filosofia guaracyana, enraizada no Templo Guaracy do Brasil, um templo espiritualista fundado em São Paulo nos anos 70, que dissemina seus ensinamentos até os dias de hoje. Como frequentador assíduo desde janeiro de 2010 e admirador da filosofia, além de instintivo buscador, me deparei com os fundamentos ("coêrencias contidas na filosofia e no método") e indo mais a fundo em minha iniciação guaracyana, me deparei com os tais 16 príncipios. 16 é um número especial para os praticantes de religião afro, é o número dos orixás cultuados, mas na tal filosofia representa os principios que dão base aos ensinamentos da filosofia, que é livre e não necessariamente deve ser adotada só pelos frequentadores.

O símbolo é representado por um Trigo, que representa a "síntese da Luz", em sua descrição oficial, "ele pode ser adotado por todas as pessoas que, livremente, fazem ou pretendam fazer da Liberdade um Princípio de Vida. Não há restrições quanto a locais, cores ou formas de utilização do símbolo. Numa dimensão mais profunda, o Trigo Guaracyano simboliza o respeito às diferenças e tem como meta a Fraternidade entre os Povos".

Fundado pelo cantor e babalorixá Carlos Buby (dos álbuns "Cantos Guaracyanos", "Terra de Deus Repentista" e "Abertura e Encerramento"), o Templo apresentou anos de pesquisa sintetizados na filosofia através do método da liberdade.

Mas o que afinal é a filosofia guaracyana? É uma filosofia que acredita na natureza como o livro sagrado da Vida. O que mais me identifica é o fato de não se apresentar como verdade absoluta e apresentar à mesa o conceito inovador de "respeitar todas as religiões". Então, vou abreviar os 15 (todos nas palavras de Buby), pois o conteúdo por inteiro é grande e pode ser inteiramente acessado no site oficial da Filosofia Guaracyana (incluindo os símbolos):

1. Sejam Monoteístas: "Sejam o que Deus lhes fez e não o que as religiões fazem com Ele. A pluralidade de caminhos que levam a Deus não deve ser confundida com Politeísmo, da mesma forma que o radicalismo religioso não deve ser confundido com Monoteísmo."

2. Busquem a Luz Primordial e não Verdades relativas: "A Luz Absoluta está para a Sabedoria dos grandes Mestres como a verdade relativa está para as instituições que os representam."

3. Aceitem a Vida como um Fragmento de Luz Primordial: "Em algum momento da Eternidade, a Luz Primordial se concentrou, criou o Fogo Nuclear, Calor, Pressão, e em seguida se fragmentou dando origem ao mundo das diferentes realidades."

4. Pratiquem os Ensinamentos de todos os Iluminados: "Os bons objetivos espirituais são determinados pelas propostas com as quais cada um deles se fez Libertador." (O conceito de iluminado serviria para Jesus, Buda, Ghandi, Madre Teresa, Princesa Diana, enfim, depende do seu ponto de vista).

5. Não creiam na existência de demônios: "Na realidade, não existe nada naturalmente negativo. O que existe são coisas fora do lugar ou do tempo natural, com as quais convivemos e não raramente as utilizamos para justificar nossos fracassos"

6. Sacralizem Natureza: "Deus não está na Natureza. Deus é a própria Natureza. Quem O procura fora Dela se exclui da Vida".

7. Façam da Natureza, o seu Livro Sagrado: "Quem se harmonizar com as Leis Naturais estará com Ele, livre de medos ou culpas. As manifestações de Deus no Templo da Natureza devem ser Vistas e não apenas ouvidas."

8. Idolatrem as Águas, as Florestas, os Pássaros e os Animais: "Ensinem às crianças a magia da agricultura e reverenciem os agricultores. Encontrem no convívio pacífico com as Florestas as ervas que curam, os frutos que alimentam, as flores que encantam, e reverenciem os botânicos."

9.  Considere Mestre todo aquele que revela a Luz de Deus: "Cientistas, Autores, Compositores, Educadores, Agricultores, Sacerdotes, Ambientalistas, Artistas, Físicos. Todos aqueles que, de maneira Ética, revelam a Luz do Conhecimento, são considerados Mestres da Luz."

10. Não cantem Hinos que preguem Morte e Destruição: "O maior desafio de um guerreiro é desarmar sua própria Alma. Quando o preço do heroísmo é pago com sofrimento, não há honra."

11. Não corrompam e não sejam corrompidos: "Infelizmente, os atos de corrupção não se limitam às esferas política e econômica. Seus tentáculos abrangem também muitas tradições que fazem do falso poder religioso um instrumento de exploração da fé popular."

12. Não negue suas origens: "Negá-las significa trair nossa própria Consciência. Cada Nação deve preservar sua Cultura e a cidadania do seu povo."

13. Não abandone as crianças, os idosos e os doentes: "Idoso é uma criança que brinca no Jardim da Vida fantasiado com Máscaras do Tempo."

14. Elejam o Trigo para representar o Alimento da Vida: "...polinizamos a Terra com os ventos vindos do Leste, fecundamos a Vida e Renascemos na Luz de todos os Iluminados. O Trigo antecede o pão na mesma proporção que os Sonhos antecedem as realizações."

15. Seja seu próprio Mestre: "Livre é aquele que pode escolher o seu próprio opressor."

E por último, "...o Décimo Sexto Princípio, denominado Portal dos Espiritualistas, será adicionado pelas pessoas que, livremente, pretendam aceitar as propostas expostas nos 15 Princípios apontados".

Ao aceitar os outros 15, construí o meu assim ó:

16. "Aproveitarei cada gota da chuva e cada tempestade, pois é depois de ambas que podemos enxergar o Arco-Íris da forma mais nítida". Seja pleno no processo e se entregue ao movimento para contemplar o que se cristaliza.

Santa Luzia

Eu acredito que não há nada mais prazeroso em contemplar a Vitória após o amadurecimento e as etapas que me levam a ela. Enxergar é um dos principios mais importantes do mundo. A visão, um dos cinco sentidos, é a arma dos sábios. Desde crianças somos contemplados com olhos, os cristais do corpo que nos fazem ter visão de tudo. O órgão sagrado que nos lembra Santa Luzia e sua história de mártir. É depois de enxergar as polaridades, viver o processo e sentir o tato, que enxergamos as cores e as valorizamos. Só se percebe a importância da visão quando se torna cego. Porque não polir e cuidar dos cristais para não cegarmos de maneira voluntária?  



Um Rio de Memórias, cheio de pensamentos e reflexões...
Até a próxima!


Fonte de pesquisa: 
- Filosofia Guaracyana 

Para mais: Cantos Guaracyanos