segunda-feira, 30 de setembro de 2013

[RESENHA] Too Weird to Live, Too Rare to Die!

Capa de "Too Weird to Live, Too Rare to Die!" (2013, Decaydance Records)
Quem foi kid, teen ou adulto alternativo em 2004 sabe da importância do Panic! At the Disco na playlist. Desde o debut aclamado em A Fever You Can't Sweat Out (2005, Decaydance) com o single icônico "I Write Sins, not Tragedies", o Panic vem conquistando amadurecimento e espaço. O fantástico Pretty. Odd. (2008) marca o início da fama da consagração total da banda e o maduro Vices & Virtues (2011) já com apenas dois integrantes pode ser descrito como o grande inverno do Panic! At the Disco.

Em 2013, o cenário musical indie anda totalmente saturado cada vez mais, eis que os caras do Panic! tem a missão de reinventar e seguir apresentando trabalhos bons que tirem de vez o rótulo emo (sendo negativo ou não), mas que os coloquem como uma boa banda de rock. E é exatamente o que Too Weird to Live, Too Rare to Die (Decaydance, Fueled by Ramen) traz. Esqueça o Rock pesado, as letras 100% escuras e bem-vindo ao mundo do "indietrônico" e sintético do Panic! at the Disco. Isso mesmo, Brendon, Spencer e o novato Dallon trazem a banda para o background de 2013 totalmente reformulada. Na verdade, é Brendon quem mais cuidou da obra, devido aos problemas de Spencer, que luta contra vicío de drogas. Sua dedicação apresenta um trabalho mais emotivo, menos angustiante.

Na minha opinião, um dos melhores trabalhos apresentados. Para o puer aeternus, as letras são maravilhosas, trazem experiências de Urie e mostra que podemos crescer, amadurecer, mas sem perder o nosso pueril que sintetizado pelo rock, só tende a ficar mais e mais delicioso. Como descrito pelo próprio Brendon, "não há regras". De vozes de crianças até influência hip-hop, o quarto disco é um prato cheio para os fãs e para os admiradores do indietrônico, lembra MUITO Depeche Mode misturado com hip-hop. Se Brendon queria abandonar a receita do álbum anterior, conseguiu. E ainda trouxe um affair deliciosamente dark. O título ("Muito estranho pra viver, muito raro pra morrer") vem das experiências de Brendon em Las Vegas. Ao retornar para a cidade já adulto, ele começou a compor as músicas dessa delícia.


O CD abre com a ótima "This is Gospel", que já é single e tem um vídeo a la Panic! sem medo de ser feliz. É bem pegajosa e os vocais de Brendon estão com a mesma marca de sempre. O refrão "if you love me, let me go" tende a ficar na cabeça por uns dias. Tem uma pegada sintética, com auto-tune, que me lembra Metro Station e Depeche Mode.


"Miss Jackson", a faixa inspirada pelo famoso single "Nasty" ("Miss Jackson, are you nasty?"), de Janet Jackson. Esse é o carro-chefe de divulgação do disco. Traz a mistura de hip-hop com rock que falei no início. Algo como "Jay-Z encontra 30 Seconds to Mar e flerta com o Panic!". É assim que imagino essa faixa. A participação da Lolo é bem curta, quase no final. O clipe tem um arte DEMAIS, dirigido por Jordan Bahat, com a participação da atriz de 30 Rock, Katrina Bowden. Nas palavras de Brendon, essa música fala sobre suas experiências promiscuas na juventude. É uma música com toque um tanto arrogante, que assustou a muitos, mas vale a atenção.


A terceira música é a maravilhosa "Vegas Lights", que é uma faixa pessoal para Urie, falando de sua cidade natal. A presença de crianças é o que faz a ponte entre a infancia e a fase adulta do vocalista. "Representa como me sentia quando ia nos clubes. Havia essa energia estranha de que todos estavam se divertindo e nada mais importava. Dançar com ninguém vendo. É muito bonito, na verdade". A letra é incrivel, um das melhores faixas ("the Vegas lights where villains spend the weekend"). CERTEZA que pode virar single.

O disco segue com a sintetizante, divertida, menos agitada e pegajosa "Girl That You Love". Em seguida vem "Nicotine", a vilã do álbum, com palavrão e referências à nicotina ("You're worse than nicotine"). O Panic se torna totalmente eletrônico em "Girls/Girls/Boys". Essa faixa, particularmente, me dá vontade de jogar video-game, daqueles consoles bem antigos (Super Nintendo, Gameboy, Master System...).

Cara, o que eles fazem em "Far too Young to Die"? É mega anos 80. Meio naftalina. Meio Smiths. Ainda é boa, mas o estilo é a própria máquina do tempo. "Collar Full" nos lembra porque amamos Panic. É bem o estilo que nos fez curti-los em A Fever You Can't Sweat Out. Na minha opinião, uma das melhores do disco. Apostaria como single.

A última faixa, chamada de "The End of All Things" é lentinha, com piano maravilhosamente executado combinado com uma excelente letra. Ótimo encerramento.

Nota final: Panic! at the Disco ainda, como nós, está amadurecendo seu som e em Too Weird é notado pela tentative de trazer o pop e o indietrônica ao rock. Eu diria que é electro-pop mas com uma carga de Rock intensa e misturada na medida certa. Os 32 minutos valem a pena. A edição Target traz duas faixas exclusivas, "Can't Fight the Youth" e "All The Boys", que ainda não ouvi, mas assim que o fizer conto pra vocês o que achei. Caras corajosos e som bom? Vale a pena colocar na playlist!

Nota: 9/10

Até a próxima!


O Canto da Virilidade

Marte é o planeta da Guerra, da Paixão e do elemento Fogo. Na astrologia, é a energia da virilidade, da masculinidade, das atitudes e das ações, como diria Jung, "Saber o que quer e fazer o que for preciso para obter isso" . Marte é a força centrífuga que nos impulsiona a alcançar um objetivo na vida, lembrando que antes é necessário possuir um foco em Mercúrio e inspiração na Lua (em breve falo mais disso). É a energia e qualidade do Vigor e da Coragem.

Filosofia Guaracyana de dentro pra fora



Existem 16 princípios da filosofia guaracyana, enraizada no Templo Guaracy do Brasil, um templo espiritualista fundado em São Paulo nos anos 70, que dissemina seus ensinamentos até os dias de hoje. Como frequentador assíduo desde janeiro de 2010 e admirador da filosofia, além de instintivo buscador, me deparei com os fundamentos ("coêrencias contidas na filosofia e no método") e indo mais a fundo em minha iniciação guaracyana, me deparei com os tais 16 príncipios. 16 é um número especial para os praticantes de religião afro, é o número dos orixás cultuados, mas na tal filosofia representa os principios que dão base aos ensinamentos da filosofia, que é livre e não necessariamente deve ser adotada só pelos frequentadores.

O símbolo é representado por um Trigo, que representa a "síntese da Luz", em sua descrição oficial, "ele pode ser adotado por todas as pessoas que, livremente, fazem ou pretendam fazer da Liberdade um Princípio de Vida. Não há restrições quanto a locais, cores ou formas de utilização do símbolo. Numa dimensão mais profunda, o Trigo Guaracyano simboliza o respeito às diferenças e tem como meta a Fraternidade entre os Povos".

Fundado pelo cantor e babalorixá Carlos Buby (dos álbuns "Cantos Guaracyanos", "Terra de Deus Repentista" e "Abertura e Encerramento"), o Templo apresentou anos de pesquisa sintetizados na filosofia através do método da liberdade.

Mas o que afinal é a filosofia guaracyana? É uma filosofia que acredita na natureza como o livro sagrado da Vida. O que mais me identifica é o fato de não se apresentar como verdade absoluta e apresentar à mesa o conceito inovador de "respeitar todas as religiões". Então, vou abreviar os 15 (todos nas palavras de Buby), pois o conteúdo por inteiro é grande e pode ser inteiramente acessado no site oficial da Filosofia Guaracyana (incluindo os símbolos):

1. Sejam Monoteístas: "Sejam o que Deus lhes fez e não o que as religiões fazem com Ele. A pluralidade de caminhos que levam a Deus não deve ser confundida com Politeísmo, da mesma forma que o radicalismo religioso não deve ser confundido com Monoteísmo."

2. Busquem a Luz Primordial e não Verdades relativas: "A Luz Absoluta está para a Sabedoria dos grandes Mestres como a verdade relativa está para as instituições que os representam."

3. Aceitem a Vida como um Fragmento de Luz Primordial: "Em algum momento da Eternidade, a Luz Primordial se concentrou, criou o Fogo Nuclear, Calor, Pressão, e em seguida se fragmentou dando origem ao mundo das diferentes realidades."

4. Pratiquem os Ensinamentos de todos os Iluminados: "Os bons objetivos espirituais são determinados pelas propostas com as quais cada um deles se fez Libertador." (O conceito de iluminado serviria para Jesus, Buda, Ghandi, Madre Teresa, Princesa Diana, enfim, depende do seu ponto de vista).

5. Não creiam na existência de demônios: "Na realidade, não existe nada naturalmente negativo. O que existe são coisas fora do lugar ou do tempo natural, com as quais convivemos e não raramente as utilizamos para justificar nossos fracassos"

6. Sacralizem Natureza: "Deus não está na Natureza. Deus é a própria Natureza. Quem O procura fora Dela se exclui da Vida".

7. Façam da Natureza, o seu Livro Sagrado: "Quem se harmonizar com as Leis Naturais estará com Ele, livre de medos ou culpas. As manifestações de Deus no Templo da Natureza devem ser Vistas e não apenas ouvidas."

8. Idolatrem as Águas, as Florestas, os Pássaros e os Animais: "Ensinem às crianças a magia da agricultura e reverenciem os agricultores. Encontrem no convívio pacífico com as Florestas as ervas que curam, os frutos que alimentam, as flores que encantam, e reverenciem os botânicos."

9.  Considere Mestre todo aquele que revela a Luz de Deus: "Cientistas, Autores, Compositores, Educadores, Agricultores, Sacerdotes, Ambientalistas, Artistas, Físicos. Todos aqueles que, de maneira Ética, revelam a Luz do Conhecimento, são considerados Mestres da Luz."

10. Não cantem Hinos que preguem Morte e Destruição: "O maior desafio de um guerreiro é desarmar sua própria Alma. Quando o preço do heroísmo é pago com sofrimento, não há honra."

11. Não corrompam e não sejam corrompidos: "Infelizmente, os atos de corrupção não se limitam às esferas política e econômica. Seus tentáculos abrangem também muitas tradições que fazem do falso poder religioso um instrumento de exploração da fé popular."

12. Não negue suas origens: "Negá-las significa trair nossa própria Consciência. Cada Nação deve preservar sua Cultura e a cidadania do seu povo."

13. Não abandone as crianças, os idosos e os doentes: "Idoso é uma criança que brinca no Jardim da Vida fantasiado com Máscaras do Tempo."

14. Elejam o Trigo para representar o Alimento da Vida: "...polinizamos a Terra com os ventos vindos do Leste, fecundamos a Vida e Renascemos na Luz de todos os Iluminados. O Trigo antecede o pão na mesma proporção que os Sonhos antecedem as realizações."

15. Seja seu próprio Mestre: "Livre é aquele que pode escolher o seu próprio opressor."

E por último, "...o Décimo Sexto Princípio, denominado Portal dos Espiritualistas, será adicionado pelas pessoas que, livremente, pretendam aceitar as propostas expostas nos 15 Princípios apontados".

Ao aceitar os outros 15, construí o meu assim ó:

16. "Aproveitarei cada gota da chuva e cada tempestade, pois é depois de ambas que podemos enxergar o Arco-Íris da forma mais nítida". Seja pleno no processo e se entregue ao movimento para contemplar o que se cristaliza.

Santa Luzia

Eu acredito que não há nada mais prazeroso em contemplar a Vitória após o amadurecimento e as etapas que me levam a ela. Enxergar é um dos principios mais importantes do mundo. A visão, um dos cinco sentidos, é a arma dos sábios. Desde crianças somos contemplados com olhos, os cristais do corpo que nos fazem ter visão de tudo. O órgão sagrado que nos lembra Santa Luzia e sua história de mártir. É depois de enxergar as polaridades, viver o processo e sentir o tato, que enxergamos as cores e as valorizamos. Só se percebe a importância da visão quando se torna cego. Porque não polir e cuidar dos cristais para não cegarmos de maneira voluntária?  



Um Rio de Memórias, cheio de pensamentos e reflexões...
Até a próxima!


Fonte de pesquisa: 
- Filosofia Guaracyana 

Para mais: Cantos Guaracyanos

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

[RESENHA] Closer To The Truth

Desde que anunciou que estava de volta ao batente, Cher vem recebendo diversas críticas. Afinal de contas, uma cantora com seus sessenta e poucos anos cantando Pop é ou não é um alvo fácil para o senso comum? Obviamente. E é por isso que discuto o gran tabu que o novo disco dessa guerreira traz: Pra trabalhar tem idade? Como uma boa puer aeternus madura, Cher nos mostra que a jovialidade nunca morre. "Até hoje não sei o que é ser velha", disse a cantora. Após seis décadas nas paradas da Billboard, Cher, assim como Madonna, traz material novo num cenário dominado pelas novinhas e, sempre polêmica, atiça a língua dos ferinos com a capa em que se apresenta quase despida, loura e sensual como uma coelhinha da Playboy. Sim, meus caros, uma sessentona fazendo disco com cara de novinha.

Cher vai além do que se espera. Em Closer To The Truth ("Próximo à Verdade"), Cher segue divando com o auto-tune mais poderoso do que nunca, mas diferente das novinhas sem foco, onde o que importa e fazer hits e mostrar peito e bunda (Sim, tipo Katy Perry, Britney e tantas outras), Cher ainda aposta no conteudo lírico e na potência do que tem de mais curioso: a voz. Uma peça consistente com faixas memoráveis que você vai cantarolar por dias. A eterna queridinha do Sonny & Cher Comedy Hour reluz como uma Deusa do Pop atemporal. E é esse álbum tão polêmico que traz o elemento real do Pop: ele não envelhece, e a essência da mulherona Cher está nele, não a senhora e sim a moça com maturidade o suficiente para apresentar um trabalho impecável. Não é uma cópia das novinhas, é uma mulher mostrando como se faz para elas.


Clipe oficial "Woman's World"

O CD abre com a feminista "Woman's World", o single chefe da obra. É uma música maravilhosa, extremamente dançante e ótima para a balada, uma pena o vídeo ter sido tão mal divulgado, taxado de simples demais (creio que a versão com as drag queens do RuPaul é muuuito mais legal). O vocal de Cher segue intacto, ainda que com a ajuda do Auto-Tune, mas logo ela revela: o mundo é das mulheres, são elas mesmo que dominam o cenário musical e curiosamente, são quem tem prazo de validade. Se um cantor homem envelhece ele é taxado de maduro, bom e melhor. Se uma cantora envelhece, ela simplesmente fica velha. E aqui, Cher mostrou que não é bem isso. Em seguida, o novo hino que deve ficar na cabeça de várias mulheres, drag queens e gays, "Take it Like A Man", é muito boa, dance, estilão dancefloor. Me lembra os bons tempos de "Take Me Home" e "Believe".


Woman's World RuPaul Drag Race Version


 "My Love" tem uma letra forte e é dance ainda, outra faixa aproveitável. As minhas favoritas vem logo depois, o cover "Dressed to Kill" (que por acaso vai nomear a turnê dessa delícia) e "Red". As letras de ambas são grudentas, dançantes e maravilhosas. Pop de primeira, cheio de efeitos.

A nostalgia aparece em "Lovers Forever", tanto na letra quanto no ritmo. É facilimo lembrar a era disco encontrando a era moderna. "I Walk Alone" traz um ritmo gostosinho country, é bem facil imaginá-la ao vivo. A letra é maravilhosa, escrita por P!nk, uma cantora que Cher particularmente admira. P!nk é realmente próxima de Cher no estilo, elas focam no vocal e na qualidade do ritmo. Woman Power na certa.

A lentinha "Sirens" (sobre o 11 de setembro) tem seu conteúdo dramático brilhantemente interpretado e logo dá lugar para a agitada e atemporal "Favorite Scars", que também particularmente é uma favorita. A balada "I Hope You Find It", que já é single na Alemanha, tem uma letra maravilhosa, Cher canta com o coração de uma mulher separada e forte, extremamente sutil. Se ganhar vídeo, vai ficar linda.

"Lie To Me" também tem uma pegada country, curiosamente também foi escrita por P!nk (que assina ambas as canções como Alecia Moore). É tocante e sensível, com a força de Cher. Fecha o álbum com chave de ouro.


 Trecho do filme "Burlesque" (2010, Screen Gems)

A versão deluxe traz as ótimas "I Don't Have to Sleep To Dream", "Pride" e a clássica "You Haven't Seen the Last of Me", sim, o musicão épico está presente nessa versão do disco. Uma tacada certeira de Cher, afinal, "You Haven't Seen the Last of Me" é a música que define a carreira dela, com seus altos e baixos. Brilhantemente escrita por Diane Warren.

"The Greatest Thing", a colaboração com Lady Gaga, ficou de fora, uma pena, mas com tantos tesouros que Cher apresenta, nem sentimos muita falta, vai.

Closer To The Truth é, sem dúvidas, um dos melhores álbuns pop da atualidade, devemos agradecer por receber essa obra tão lendária e bem preparada. Será o último? Não sabemos, talvez nem a própria Cher sabe. Mas de qualquer forma, é sem duvidas, um dos melhores da carreira dela e do cenário atual. Se for bem divulgado e trabalhado com singles legais (eu apostaria em "Dressed To Kill", "Red", "I Walk Alone" e "Take it Like a Man"), além de uma turnê bem produzida como as anteriores dela, Cher tem aí uma obra de arte para marcar seu trabalho na Terra. As drag, travestis, perfomistas, gays, mulheres e até homens, vão ter muito o que dançar agora nas pistas! =)

Até a próxima ;)